quinta-feira, 23 de junho de 2011

Minha Dôra

Parei de escrever há algumas semanas. O blog tá empoeirado, e já faz um mês que também não escrevo colunas no Portal Giga Vale, até os meus textos particulares foram abandonados. Sim, um bloqueio. Uma falta absurda de inspiração, mas esse aqui é diferente, é algo que eu preciso desabafar pois já não cabe no meu peito.
Eu conheço uma mulher chamada Doralice, é Doralice porque Dona Filomena assim o quis. Ela é guerreira, batalhadora, casou-se com quinze anos, pariu doze filhos mas hoje tem apenas cinco, dos cinco, um único homem, meu pai. Foi obrigada a amadurecer precocemente, a abrir mão de quase tudo para cuidar da casa e criar a filharada.
Doralice é a mulher mais braba que conheço, não perdoa fácil e não tolera desrespeito, é de postura firme, determinada, possuidora de uma força admirável, é muitas vezes impaciente mas dona de um coração gigantesco e mãos de fada. Acreditem, ela cozinha como nenhuma outra. 
Adoro as histórias de seu passado, de quando se casou, e das vezes que já esteve entre a vida e a morte. Eu fico com os olhos brilhando quando ela diz desatando a rir: 'Tá bom, vou contar só mais uma.' Adoro quando peço sua bênção e ela responde 'Deus te faça feliz' em vez do tradicional 'Deus te abençôe'. Adoro seus ensinamentos, seus conselhos e até mesmo seus sermões.
Doralice é uma exceção em todos os sentidos. Não usa óculos, tem a audição melhor do que a minha, é lúcida como se tivesse dezoito anos em vez de oitenta e oito. Longos oitenta e oito. E linda, completamente linda.
E nesses quinzes dias que ela está na U.T.I., não penso noutra coisa a não ser em olhar a cadeira de balanço ocupada por ela novamente.

|Crisane Farias

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