domingo, 11 de novembro de 2012

[Des] Organizada


Desde criança sempre tive tendência a ser desorganizada. Com todo o sentido da palavra.
Tendência esta que vinha de mim por achar desnecessário ter aulas de etiqueta com aquela “frescura” toda e manter coisas pessoais no seu devido lugar. Detestava a aula de artes e escrever “bonitinho”.
Uma vocação perfeita para o desleixo.
O fato de eu colocar o cadarço nos sapatos com perfeição aos 5 anos de idade não sossegava minha mãe. O tipo de mulher que não faria feio nem num jantar com dúzias de pratos, talheres e copos com a rainha da Inglaterra.
Dona Renilda tentava a todo custo me transformar numa lady. Para ela, não bastava as notas máximas na escola. “Tem que ser 10 em tudo, minha filha.” – dizia, já perdendo as esperanças ao me ver jogar as roupas do guarda-roupa no chão em busca de algo para vestir.
Revirava os olhos de total reprovação toda vez que eu me sentava com as pernas praticamente em cima da mesa. Aquilo a matava.
Só ia ao salão 3 vezes no ano, arrastada por ela. Impossível não odiar aquele inferno!
Quente, com vozes irritantes ininterruptas e uma demora infeliz pra ser atendida.
Hoje, só vou ao salão nos dias de menor fluxo e de preferência, os menos “requisitados”. Com bem mais frequência agora, admito.
Nas festas e reuniões quando as pessoas que se achavam “alta sociedade” estavam presentes com suas filhas chatas me "enchendo o saco" perguntando qual era a marca do meu sapato ou onde minha mãe havia comprado aquele broche tão bonito, era simplesmente uma tortura. MEUDEUS, como eu queria esganá-las.
Preferia os eventos mais simples, onde eu podia comer e brincar na mesma proporção com amigos que não me inspiravam a cometer atos homicidas. Até hoje, mantenho este tipo de preferência. Acrescentado de vinho tinto, por favor.
Então, pelo seu bem, não me convide para a inauguração do seu salão chiquérrimo ou da sua loja de “elite” onde não vai haver outro assunto além de moda e liquidação. A não ser que a dona seja minha amiga porque neste caso – somente neste caso – eu iria com o maior prazer.
Com o passar dos anos, para orgulho e alegria da Sra. Farias, aprendi a ser metódica, perfeccionista e um tanto organizada.
Idade e faculdade "forçaram a barra". Ah, e noivo também.

|Crisane Farias
Escreve por teimosia, mas sua verdadeira vocação é comer doces.

Nenhum comentário:

Postar um comentário