sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Orgulho Amélia

Quando criança, eu era fascinada por todo e qualquer tipo de adultice. Dirigir, trabalhar, fazer compras, usar salto alto, tudo me parecia tããão chique.

Eu tinha um aterrorizante costume por volta dos 6 anos de idade: bater a cabeça na parede. Propositalmente e fazia isso sempre quando estava com raiva ou quando não conseguia o que eu queria. Sim, eu era um demoniozinho.

Enfim, no meio das coisas admiradas estavam – óbvio – os afazeres domésticos. Aiminhanossa, Que legal era aquilo! Cozinhar, lavar louça, lavar roupa!

E nessa admiração louca e selvagem, eu vivia querendo ajudar. Mas era uma ajuda recusada, claro.

Um dia eu decidi lavar a louça. Dane-se. Minha mãe tava dormindo, meu pai tinha saído, quando olhassem o que eu tinha feito, iam me admirar eternamente (doce ilusão infantil). Peguei um banco, subi (uia), e fui me completar como mulher. Aos 6 anos. Vejo a cena na minha mente e parece até que foi ontem, eu simplesmente quebrei cerca de 10 a 12 pratos. Chorei sozinha por meia hora antes de criar coragem de acordar a minha mãe. Patético.

Enfim, alguns anos mais tarde, eu me lembrava dessas coisas com um ódio mortal enquanto limpava o banheiro sob ameaça de não poder ir a tal festa ou ganhar algo que pedi, caso o serviço estivesse malfeito.

Eu tinha PAVOR quando ouvia minha mãe chamar meu nome.

- CRISANÊÊÊÊ !

- Oi mãe.

- Lavar a louça, rápido!

- Já vou, deixa acabar o filme, já tá na última parte.

- AGORAA!

- Ô mãe, por favor!

- Se não for agora, não compro o tênis que você quer.

- Mas ... mãe!

E ia, explodindo de raiva, mas ia, afinal era o tênis novo em jogo.

Minha mãe sempre me dava quase tudo o que eu queria, mas se ela mandasse fazer algo e eu não obedecesse na hora, ficava uma fera e fazia ameaças desse tipo nas quais era aterrorizante ouvir.

Da mesma forma era quando ela ia fazer alguma coisa pra comer. Sempre - 'CRISANÊÊÊ' !

Ela sempre trabalhou muito, quase não parava e, quando parava tinha uma Crisane respondona, chata e aborrecente em casa, mas sempre conseguia me fazer baixar a cabeça e ir ca-la-da fazer o que mandava ou o que ensinava. Era engraçado de se ver.

Os próximos parágrafos são dedicados à senhora minha mãe:

Mãe, muito obrigada por através de muito trabalho escravo me transformar num às das panelas e dos afazeres domésticos. Graças à você, eu sou(quase) uma dona de casa foda, e uma cozinheira mais foda ainda. Valeu mesmo! :D

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